Se existe uma ótima opção no aleitamento de filhotes de mamíferos órfãos, sem dúvida, é o leite de cabra.
Mesmo para espécies pouco tolerantes à lactose, o leite ganha o respeito de vários profissionais que atuam na área e é utilizado com muita frequência como a base da dieta.
Para entender mais sobre as características que diferenciam os leites de cabra e de vaca, buscamos uma revisão feita há 20 anos, já abordando o uso nutricional e terapêutico do leite em bebês humanos.
Os autores caracterizam o leite de cabra pelo seu alto valor nutricional, boa digestibilidade, boa aceitação e um baixo potencial alergênico.
Mas por que tudo isso?
Bom, pensando em termos nutricionais realmente os leites de vaca e cabra não são tão diferentes, mas, avaliando algumas características, percebemos o porquê alguns bebês se adaptam tão bem ao leite de cabra.
Vamos lá
1. Acidez: um pouco menor (pH ~6,4); 2. Gordura: os glóbulos suspensos no leite são menores e, por este motivo, podem conferir melhor digestibilidade; 3. Proteína: perfil diferenciado com níveis mais altos de beta-caseína e mais baixos de alfa-caseína s1 que, segundo os autores, podem formar coágulos menos resistentes e aproveitados mais rapidamente pelas enzimas proteolíticas.
Mas, cuidado!
Apesar de ser um substituto ótimo, são poucas as espécies que podem recebê-lo como alimento único.
Para herbívoros em geral, que começam a ingerir o alimento sólido muito cedo, é utilizado como alimento único por muitos profissionais (ex. capivara, anta, preguiça).
No entanto, para algumas outras espécies, talvez seja preciso aumentar a proteína, especialmente nas primeiras semanas de vida (ex. cervídeos).
Também precisamos considerar o aumento da proteína para carnívoros, tamanduás, tatus, além de atenção especial aos micronutrientes.
Em relação aos micronutrientes, devemos observar os baixos de teores de vitamina C (ex. primatas em especial), vitaminas B6, B12, vitamina E, ferro, cobre.
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