A dita “ciência cidadã” é, sem dúvida, intrigante e emocionante. Basicamente, é uma forma de engajar cidadãos não especialistas na produção científica.
O cientista é limitado por dinheiro e tempo. Além disso, a cooperação de todos no aumento de conhecimento é uma ideia bonita e com possibilidades incalculáveis.
Vamos a um exemplo teórico.
1) Tenho uma dúvida: será que o aumento da temperatura está modificando os animais?
2) Crio um método para coletar dados.
3) Vou a campo coletar os dados.
4) Analiso e interpreto os resultados.
O cientista cidadão pode participar em várias das etapas. Entretanto, é fundamental no tópico três. Imagina que eu tenha que ir em 300 locais e coletar esses dados. Qual o tempo e o custo necessário para isso? Agora, imagine que 300 pessoas em conjunto coletam esses dados de forma cooperativa. Além disso, todos estão contribuindo para o entendimento maior sobre a biodiversidade.
Um exemplo prático foi publicado na revista Communications Biology, da Nature. Os autores queriam avaliar se as modificações nos ambientes urbanos, principalmente o aumento de calor, estava alterando a cor de uma espécie de caracol (Cepaea nemoralis). A cor está diretamente ligada a retenção de calor, sendo que a premissa fazia sentido. Entretanto, para responder a esse tipo de questão é preciso uma quantidade de dados enorme.
Então, os pesquisadores envolveram os cidadãos. Eles fizeram um aplicativo de celular que possibilitou as pessoas tirarem fotos. Esse aplicativo guardava a foto e sua localidade. Com isso, os pesquisadores conseguiram quase 8.000 fotos em toda a Holanda.
Essas imagens foram analisadas e possibilitou constatar que os animais nos centros urbanos tinham uma probabilidade maior de ser amarelos e apresentarem faixas escuras na parte inferior das conchas. Todos esses achados estão de acordo com o conhecimento sobre a seleção térmica. Ou seja, os animais estão mudando para se adequar a mudança de temperatura nos centros urbanos.
Com certeza tem algum projeto de ciência cidadã na sua cidade. Que tal fazer parte do avanço do conhecimento científico?
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